terça-feira, 12 de julho de 2011

Restaurante onde quem diz o preço é o Freguês

Iaê?! Blz?!

Já diria o glutão ambicioso que o dia em que seria mais feliz havia de ser aquele em que só iria olhar o cardápio pelo lado esquerdo. Pouco importaria o preço no outro canto. Pois um restaurante de Buenos Aires decidiu dar esse presente aos seus clientes e abolir o temido lado direito. Ali, quem faz o preço é o freguês.
Idéia de jerico para muito empresário do ramo, essa foi a alternativa que a dona do Pampa Picante, Claudia Iluane, encontrou para se diferenciar no meio da overdose de bons restaurantes de Palermo, bairro cool portenho. No menu, só as bebidas têm preço fixo. No fim da refeição, vem a conta com os itens consumidos, e o preço tem de ser ditado ao caixa.
A maioria dos clientes estranha o método dessa versão moderna da tradicional parrilla local. Alguns, diz Claudia em português quase perfeito, perguntam até se é pegadinha.
Acostumados a receber o preço pronto, rola uma certa dificuldade em valorar a refeição. "Há os obsessivos, que vão colocando o preço certinho ao lado de cada item; os freqüentadores de restaurantes, que já sabem mais ou menos quanto custa cada prato; e os indecisos, que pedem ajuda para dar o valor." Com esses, Claudia ataca de poeta. "Quanto você acha que valeu o seu momento?"
Aos que gostam de boca-livre, calma lá. Diante do ataque de alguns espertinhos, o restaurante limitou as mesas a quatro pessoas, para evitar aquelas clássicas festas em que metade sai de fininho. "Para alguns eu tive que pagar a festa."
E, para garantir as contas no fim do mês, a casa também inventou as "asado lessons" -ou aulas para aprender a assar carne como os argentinos-, para gringos e em quatro idiomas. Ah, a comida também é boa.
 

Longe dos pega-turista
Se o cardápio sem lado direito é exclusividade do Pampa Picante, os lados direitos não costumam assustar tanto nessa cidade onde se come bem sem ter que dar a carteira em troca. Tampouco é preciso se limitar ao roteiro brasileiro-gastronômico e visitar todas as parrillas pega-turista da cidade.
Saindo do Pampa Picante e cruzando a praça Campaña del Desierto, o turista com um pouco mais de ousadia encontra o Krishna, restaurante vegetariano que mistura na decoração figuras de deuses indianos, santas católicas e estrelas de Davi, com um globo de espelhos e bandeirinhas juninas.
O thali, um PF hindu com arroz ao gengibre, pakoras (vegetais empanados) e chapati (pão indiano), entre outros itens de nomes complicados, sai por 25 pesos (R$ 13). Para quem faz cara feia para comida verde, há massas e sanduíches de milanesa de soja. Aqui, o que falta no cardápio é a bebida alcoólica, que pode ser substituída por limonada com gengibre.
Para uma experiência um pouco mais ruidosa, é preciso passar numa das tradicionais pizzarias de Buenos Aires, como a El Cuartito, no bairro da Recoleta, que faz boa pizza desde 1934, "graças a você, a seus pais e seus avós", diz um cartaz lá dentro. Graças também a dezenas de famosos, como Francis Ford Coppola, que se deixaram fotografar por lá.
O primeiro passo para uma aventura completa é deixar de lado as esquisitices paulistanas à la mussarela-de-búfala-com-rúcula-e-tomate-seco e se arriscar a provar uma pizza com faina e moscato. A faina é uma massa de farinha de grão-de-bico que se come como uma cobertura da pizza, e o moscato, um vinho barato que se bebe com soda. Se gostar dos dois, você é quase um portenho. Só falta comer à moda "al paso" -em pé no balcão.

"Restô privê"
Para se adaptar à cultura dos portenhos, também é preciso conhecer a casa de um. Mas conseguir que um argentino o convide a visitar seu lar pode levar meses. O jeito então é pagar para conhecer uma das várias casas que compartilham suas cozinhas com estranhos.
O La Cocina Discreta, em Villa Crespo, é um dos restaurantes da onda "restô privê". Além da mesa com TV, do violão ao lado e dos xampus no banheiro (a cama eles escondem), ajuda a fazer o cliente se sentir em casa o fato de que o dono do fogão, Alejandro Langer, morou em SP, e de que Rosana, dona da TV, avisa que "de vinho quem entende é o meu marido".
Na casa-restaurante, as paredes também viraram galeria de arte, e as fotos são do "Alê". O cardápio tem preço fixo, sem bebidas, e três opções de pratos, em que o rolê de frango agridoce com batata doce glaceada se destaca. No fim, a "Rô" espera com você, no portão, o táxi chegar.
           
Pensando bem: Claro que um restaurante desse não daria certo no Brasil, terra onde todo mundo se acha esperto! Mas que a idéia é boa isso é!
Vi um em Nova York onde o dono dizia que dessa maneira o pessoal estava pagando mais do que ele tinha planejado por prato.
Mas é muito complicado fazer uma proposta dessa, afinal não se pode vender um prato em um restaurante, exclusivamente, pelos seus custos, tem outros custos embutidos do restaurante na venda de um prato.

            Até a próxima.

            Abraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaço

            Com PERNAMBUCANIDADE

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